Skip to main
Diageo Bar Accedemy
ENTRARREGISTRAR
uma mesa cheia de frutas e cascas, representando a matéria prima dos licores
Generic Promo & Hero Banner Pink Background

Licores: História e Produção

Aprenda sobre a fascinante história dos licores, entenda os diferentes tipos e métodos de produção e descubra a diversidade de coquetéis que usam licores hoje. 

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

O que são licores?

Licores são bebidas alcoólicas obtidas pela mistura de álcool potável, extratos ou essências naturais de frutas, flores, ervas, especiarias ou outros ingredientes aromáticos, geralmente adoçados com açúcares ou mel.

De acordo com o decreto nº 6.871/2009, que regulamenta a Lei nº 8.918/1994 no Brasil, os licores devem apresentar teor alcoólico mínimo de 15% em volume e conter, no mínimo, 30 gramas de açúcares por litro.

A legislação brasileira também classifica os licores como bebidas mistas, o que permite grande liberdade criativa na elaboração de receitas, mantendo, no entanto, exigências claras quanto à padronização e rotulagem.

Essa categoria se destaca tanto pela versatilidade nos coquetéis quanto pelo valor cultural e gastronômico, especialmente em versões artesanais que resgatam ingredientes regionais e técnicas tradicionais de preparo.

A História dos Licores

A história dos licores remonta à antiguidade, mas foi durante a Idade Média que seu uso se consolidou na Europa, especialmente nos mosteiros.

Monges e alquimistas começaram a produzir infusões alcoólicas com ervas e especiarias com fins medicinais, acreditando nas propriedades terapêuticas dessas bebidas. Com o tempo, essas fórmulas passaram a incluir açúcar — um ingrediente raro e valioso na época — transformando os antigos tônicos em bebidas mais agradáveis ao paladar.

A partir do Renascimento, com o avanço da destilação e a ampliação das rotas comerciais, os licores se popularizaram nas cortes europeias, ganhando status de luxo e sofisticação. Cada região passou a criar receitas próprias com ingredientes locais, o que influenciou diretamente na diversidade de sabores que conhecemos hoje.

Assim, os licores deixaram de ter finalidade supostamente medicinal e se tornou parte importante da cultura gastronômica e da coquetelaria mundial.

A Ascensão dos Licores

A Revolução Industrial trouxe técnicas de produção em massa que tornaram os licores mais acessíveis, transformando uma prática antes restrita a pequenos lotes artesanais para uso pessoal em uma atividade comercial em larga escala.

Já em meados do século XX, os licores ganharam ainda mais destaque com a popularização de versões vibrantes e coloridas, como o Curaçau blue, que ajudaram a revitalizar a cultura dos coquetéis — duramente impactada pela Lei Seca.

O avanço tecnológico também impulsionou inovações marcantes, como o lançamento do Baileys, em 1974, que se destacou como o primeiro licor de creme estável à base de uísque irlandês.

Com o crescimento da coquetelaria ao redor do mundo, os licores deixaram de ser vistos apenas como preparados medicinais e passaram a ocupar lugar de destaque nos bares, oferecendo uma enorme variedade de sabores que combinam frutas, especiarias, ervas e ingredientes exóticos.

Licor ou Cordial

Não existem definições técnicas exatas sobre o que é realmente um cordial na legislação brasileira.

Em algumas definições, o termo é utilizado para referir-se a um licor mais concentrado e maior dulçor, muitas vezes feito com base de frutas e/ou cascas.

O termo também pode referir-se a uma bebida com baixa graduação alcoólica e grande concentração de dulçor, sendo este cordial, cremoso ou não.

Existem outras referências ao termo, que se aplicam á bebidas adocicadas. Frutadas e sem graduação alcoólica.

Os Principais Métodos de Produção de Licores

Métodos de extração são técnicas utilizadas para retirar componentes desejados — como sabores, aromas ou cores — de um ingrediente natural.

Na produção de licores, esses métodos funcionam como “pontes” entre os ingredientes (frutas, ervas, especiarias) e o álcool, que atua como um solvente. Assim como fazer um chá exige tempo, calor e água para extrair o sabor da erva, produzir um licor envolve escolher o método certo para que o álcool absorva o que há de melhor nos ingredientes.

Infusão, maceração, percolação e destilação são diferentes caminhos para alcançar esse mesmo objetivo: capturar a essência dos insumos e transformá-la em uma bebida saborosa e aromática.

1 - Infusão 

  • Processo em que os ingredientes são deixados em contato com o álcool ou água quente para extrair seus sabores e aromas. Pode ser feito em temperatura ambiente (infusão fria) ou com calor suave para acelerar a extração.

2 - Maceração

  • Processo semelhante à infusão a frio, mas geralmente feita por períodos mais longos, ideal para ingredientes mais duros ou resistentes.

3 - Percolação 

  • Muito parecido com a percolação do café, este método usa um grande tanque para extrair sabores, conhecido como percolador. Neste processo o álcool é lentamente passado por uma camada de ingredientes para extrair seus compostos de forma contínua e controlada.

4 - Destilação 

  • Neste método os ingredientes são destilados junto com o álcool para captar aromas e sabores diretamente no destilado. O método de destilação é semelhante à produção de Gin.

Este método é para materiais que são menos sensíveis ao calor e se beneficiam de uma extração mais rápida, como especiarias, raízes, cascas de frutas cítricas e ervas secas.  

um cálice sobre uma mesa, com licor sendo servido nele. na mesa há diversas matérias primas de licores

Como os ingredientes afetam a produção de licores

Os ingredientes são fundamentais na produção de licores, não apenas por definirem sabor, aroma, cor e textura, mas também porque influenciam diretamente a escolha do método de extração.  

  • Flores e frutas frescas: geralmente requerem métodos mais suaves, como infusão a frio e maceração para preservar seus aromas sutis. 

  • Frutas cítricas: os óleos e aromas são extraídos da casca da fruta através de percolação ou maceração.  

  • Especiarias ou cascas de frutas: podem demandar maceração prolongada ou destilação para extrair plenamente seus compostos. 

Sendo assim, entender as características dos ingredientes é essencial para selecionar o método ideal, garantindo que o licor final seja equilibrado, aromático e de alta qualidade. 

CLASSIFICAÇÃO DOS LICORES

No Brasil, a legislação específica (como a Instrução Normativa MAPA nº 34/2010) classifica os licores em algumas categorias de acordo com sua composição, textura e teor alcoólico. 

  1. Licor seco: Baixo teor de açúcar (ainda acima dos 30 g/L exigidos por lei), perfil menos adocicado e mais amargo ou alcoólico, frequentemente usados como aperitivos;

  2. Licor fino: Produzido com ingredientes de qualidade superior ou processos mais refinados. Pode conter destilados nobres (como conhaque) e deve ter características sensoriais mais marcantes e sofisticadas;

  3. Licor cremoso: É o licor que contém ingredientes lácteos (como creme de leite, leite condensado, leite integral ou derivados) incorporados à sua formulação, conferindo textura cremosa, aparência homogênea e consistência mais densa. Ex: Baileys;

  4. Licor composto: É o licor que combina diferentes bases ou ingredientes, como mistura de frutas e especiarias, ou combinações de extratos diversos;

  5. Licor escarchado: São aqueles saturados em açúcares cristalizados.

Curiosidade

O que significa “Creme de…” segundo o MAPA? 

De acordo com o MAPA (Instrução Normativa nº 34/2010), a expressão “creme de” indica: Um licor com alta concentração de açúcares e consistência mais densa, mas sem obrigatoriamente conter creme ou derivados de leite. 

A expressão “creme de” pode ser usada quando o produto tem corpo e dulçor elevados, mesmo com base alcoólica neutra. 

exemplos de licores com “creme de”: 

  • Crème de Cassis (licor doce e denso de groselha-preta);

  • Crème de Cacao (licor de chocolate com textura espessa);

  • Crème de Menthe (licor de menta, verde ou transparente, com textura licorosa).

Conclusão

Mais do que bebidas adocicadas, os licores representam uma tradição que atravessa séculos, reunindo história, cultura e uma notável variedade de técnicas — desde os métodos de extração até combinações criativas e refinadas de ingredientes.

Dominar suas classificações, entender os processos produtivos e conhecer os marcos legais — como os definidos pelo MAPA, órgão regulador no Brasil — é fundamental para quem busca excelência e profissionalismo no universo da coquetelaria.

Vale lembrar que cada país possui sua própria regulamentação, o que reforça a importância do estudo contínuo e da consulta a fontes confiáveis e especializadas.