Falsificação de Bebidas

Vamos iniciar nosso material explicando o básico. Falsificação, substituição ou adulteração de líquidos são práticas diferentes que, na prática, são todas consideradas como crime de falsificação de bebidas, conforme pode ser visto do art. 272, §1º, do Código Penal. A substituição é quando a partir de uma garrafa vazia de uma marca famosa, ocorre o reenvase nela usando um líquido similar, mas de menor qualidade e preço. A adulteração ocorre quando, por exemplo, dilui-se em água um whisky ou vodka famosos com o interesse de obter uma vantagem e/ou enganar alguém. Já a falsificação é quando se produz um líquido para colocar em uma garrafa de uma marca famosa, sem a preocupação com qualidade e higiene que os produtores dessas bebidas possuem, com o intuito de enganar o consumidor final e obter dinheiro.

Estudo aponta que cerca de 30% do volume de bebidas alcoólicas destiladas tem algum tipo de ilegalidade, desde sonegação, produção sem registro, contrabando e falsificação. E essa ilegalidade atinge também outras categorias de bebidas, como cervejas e vinhos.

Junto com os crimes cometidos por falsificadores, contrabandistas e sonegadores há outros impactos negativos:

              - perda de arrecadação do Governo que deixa de ter recursos para investimentos sociais e de infraestrutura;

              - fortalecimento do crime organizado, afinal criminosos estão se aproveitando para obterem recursos que financiam outras atividades como tráfico de drogas, de armas e outros crimes violentos;

              - perdas no mercado de trabalho, uma vez que criminosos não pagam impostos e sujeitam seus ‘colaboradores’ a trabalho em condições desumanas, perigosas e até de trabalho análogo ao escravo, ainda com riscos à segurança dos trabalhadores;

              - perda de capacidade da indústria formal, uma vez que as donas das marcas vendem menos e perdem capacidade de investimento além de terem que combater o mercado ilegal; e

              - por último e mais importante, grande risco à saúde pública, muito aumentado pela falta de qualidade e higiene na fabricação e manuseio que os falsificadores usam na adulteração de bebidas e com perda de qualidade dos líquidos que os contrabandistas e sonegadores usam para transportar e armazenar produtos para fugir dos controles do Governo.

E não se enganem achando que qualquer crime, como o contrabando ou descaminho ajuda a tornar um líquido mais acessível. 

E além dos impactos e riscos acima, há outros, por exemplo falsificações e adulterações em que o criminoso insere, como corantes e outros agentes de sabor que podem ser nocivos, e que muitas vezes não são permitidos para consumo humano, pois potencialmente podem causar intoxicação que pode até ser fatal e que, minimamente, já é um engano ao consumidor. E junto aos casos desse tipo, surge a responsabilidade do estabelecimento que comprou e preparou drinks com esses líquidos de procedência duvidosa, pois podem ser envolvidos nas ações criminosas junto com quem adulterou ou contrabandeou tais bebidas.

Como disse no começo deste material, este assunto é sério!

Você já viu o selo do IPI que em nosso país é colocado por cima das tampas de cada garrafa?
Pois bem, este selo é feito em papel moeda (pela Casa da Moeda) e possui uma cola um tanto efetiva. Atente-se aos selos de suas garrafas, verifique se de fato são originais e assegure que a tampa / lacre de seu produto não esteja violado.

Algumas garrafas como Johnnie Walker possuem garrafas diferentes e lacres específicos. Normalmente rótulos que são líderes de venda são alvos mais comuns de falsificadores, pois o alto volume de venda atrai os falsificadores que ganhem mais dinheiro adulterando grande volume de garrafas, e induz consumidores a erro porque nem sempre se atentam aos detalhes.
As tampas de Johnnie Walker Blonde, Johnnie Walker Red Label e Johnnie Walker Black Label são constituídos por tampas em metal e sem lacres plásticos sobrepostos à tampa. Há ainda um dispositivo de segurança dentro da tampa, também chamado de dosador ou ‘conta-gotas’, com propósito de dificultar a adulteração  das garrafas da entrada de qualquer líquido que não seja o já colocado pela DIAGEO dentro de seus recipientes.
Sempre se atente se as tampas estão fechadas, sem amassamento ou dano, e se os dosadores plásticos das garrafas que possuem tal dispositivo estão bem fixados, sem quebras nas partes plásticas ou danos como, por exemplo, partes que possam ter sido parcialmente derretidas e outros tipos de ranhuras e danos aos bicos das garrafas.
Já garrafas como Johnnie Walker Gold e Johnnie Walker Green Label são chamadas por nós da área de garrafas “bocão” e não possuem (atualmente) qualquer tipo de dosador além de suas tampas de rolha, o que pode aparentar facilidade para os falsificadores, mas, lembrem-se de que estes rótulos normalmente são consumidos por um público mais seleto e que conhece o que consome e que não são encontrados nos mesmos PDV’s (Pontos de venda) e no volume que os outros já citados.
Ainda assim, atenção total nos rótulos que vocês servem e, em caso de dúvidas, voltem lá no começo deste material e entre em contato com seu distribuidor ou com o canal de atendimento da marca.

Acabei de usar os dosadores de Johnnie Walker como exemplo, e, vou usar de novo os rótulos de Johnnie Walker Red Label e de Johnnie Walker Black Label para dicas aqui.
Pegue suas garrafas e passe a ponta dos dedos (com as unhas) e vai perceber que no rótulo de Johnnie Walker Red Label teremos relevos em todo o rótulo, enquanto em Johnnie Walker Black Label apenas as letras do nome e o 12 na parte inferior da garrafa possuem tal relevo.
Pode parecer simples, mas, para um falsificador conseguir tais rótulos é muito mais caro e complexo, e por isso é importante saber destes detalhes de cada rótulo.
Lembrando que garrafas vindas de fora do país (Ex.: Paraguai ou lojas Duty Free de Aeroportos ou fronteira) podem ter padrões diferentes, como tampas sem dosadores, e até mesmo rótulos dianteiros ou traseiros com outros detalhes, por isso, volte na primeira dica e assegure de que está comprando suas garrafas em fornecedores locais e devidamente regulamentados.

Só para fecharmos bem aqui o nosso artigo, vale destacar que alguns mitos e lendas sobre como reconhecer o líquido original de garrafas como o “famoso” teste do pãozinho, ou mesmo uma batida com talheres na garrafa ou até mesmo aquela balançada na garrafa esperando que ela forme (ou não) espumas e afins não são verdades absolutas, e cada uma destas só vai funcionar para tipos específicos de falsificação e não é correto considerar estas formas como oficiais.
Se tiver dúvidas deste assunto e eu puder ajudar, conecte-se comigo no Instagram no @DBA_Andre e vamos trocar figurinhas, assim você me conta o que sabe sobre bebidas falsificadas e juntos vamos descobrir como podemos melhorar ainda mais o atendimento em nossos bares evitando este tipo de problema.
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