Coquetelaria em Grandes Festivais: Os Segredos da Operação

Vou começar com a parte mais dura da mensagem!

Quando uma empresa te contrata para trabalhar em uma operação de bar de festival, ela não está te dando um ingresso para curtir o festival e sim contando com seus serviços, logo, a primeira dica é que saiba discernir e separar bem as coisas.

Se você quer trabalhar em um festival, saiba que as contratações costumam ser via PJ/MEI ou mesmo no modelo de contratação CLT Intermitente e que isso é uma exigência dos grandes festivais devido ao ministério do trabalho, leis gerais, acesso ao evento e que apesar das burocracias que isso gera são sim uma forma de proteger o profissional e as empresas que estão fazendo o serviço.

Por fim, para atuar em um evento assim, minha dica é que conecte-se com empresas que operam nestes eventos e antes de se candidatar para uma vaga, converse tanto com quem já trabalhou, entenda que o trabalho é bem sério e que diferente de eventos sociais comuns ao te colocar em uma equipe, a empresa deve atender uma série de requisitos e documentações que vão desde um ASO até outros documentos como citei acima e que sua ausência ou falta ocasiona uma série de problemas para a empresa dado que não é só trocar o funcionário como em um evento comum. Logo, seja responsável e cumpra sua parte do acordo!

Hidratação, alimentação e até mesmo cuidados extras com você são essenciais.
Os festivais costumam ser bares de alto volume e movimento, isso exige disposição e consecutivamente uma série de pontos de atenção.

Esteja hidratado e consuma muita água durante o serviço.
Organize-se para alimentar-se bem antes do serviço e utilize os breaks que tiver de fato para descansar e alimentar-se, preferencialmente com algo saudável. Vale trazer este ponto pois muitas vezes as opções de alimentação em um festival não são lá as mais adequadas para quem está trabalhando e alguns dias na base de lanches pode destruir qualquer dieta e sua saúde!

Sobre a parte de cuidados extras, desde roupas confortáveis e adequadas para o clima que irá encontrar e o serviço na função que estiver, isso somado com sapatos / tênis que não apertem seus pés. Meias de compressão podem ser um bom investimento se você ficar parado por um período muito longo e não posso deixar de citar o uso de protetor solar.

Tenho visto também muitos bartenders com um kit com alguns remédios para dores de cabeça, dores nas costas e afins. Não sou médico, logo, recomendo que estes e outros medicamentos devem ser usados somente com prescrição médica e se você não estiver se sentindo bem em um festival vale um check na enfermaria do evento para correta análise do seu quadro.

Tenho uma empresa de eventos, faço eventos regularmente e gostaria de operar um evento deste porte, como fazer?

Recebo direto esta pergunta e se tem uma coisa que posso dizer é, programe-se financeiramente pois a operação, seja ela somente de mão de obra ou mesmo do bar completo vai gerar uma imensidão de custos e na maioria das vezes as empresas que contratam pedem prazos longos para pagamentos, sendo assim, recomendo estar 100% organizado e com respaldo contábil e jurídico pois você terá um milhão de pedidos de documentos e certificações que são comumente pedidas pela organização dos eventos.

Captar estes clientes demanda muito contato e network, especialmente as grandes marcas, logo, a melhor forma de estar dentro destes festivais é aproximando-se da organização e assim ser recomendado pelo organizador do evento para as empresas que entram como parceiros nele.

Mas e a coquetelaria? O que dizer sobre a coquetelaria dos grandes festivais?

Para isso trouxe aqui o super Erivelton Mota que constantemente está comigo nas operações da Barones e trouxe dicas super legais.

Geralmente a ativação em bares de grande volume contam com receitas de coquetéis mais simples, onde na maioria dos casos o destilado é somado a um mixer (suco, refrigerante, tônica etc.) e uma guarnição.

Bons exemplos são as versões de Tanqueray & Tonic e Blonde Cítrus, o “Blondinho”, que estão sempre nos cardápios e na boca do público nos eventos que a Diageo está presente.

Já nos bares de camarotes e área VIP, por contar com número menor de público, o serviço de coquetéis por muitas vezes conta com receitas mais elaboradas.

Nesse caso, muitos coquetéis que chamamos de “Heroes” são oferecidos ao público e é muito mais fácil e frequente que o público disfrute de receitas como Don Margarita, Tanqueray Fitzgerald, Black Penicillin e até receitas exclusivas dependendo da oportunidade.

Os insumos frescos como frutas e guarnições dependendo do evento acabam sendo um ponto ligeiramente mais delicado por conta dos processos de controle de qualidade da ANVISA que determina padrões rígidos de segurança alimentar.

Nesse caso tais insumos, comumente, são utilizados como frutas desidratadas, xaropes concentrados e algum tipo de polpa ou suco industrializados que atendem os requisitos da Anvisa e cumprem com as propostas dos coquetéis.

Outro ponto em comum das operações é a ativação de RTD’s que são coquetéis enlatados / engarrafados prontos para consumo.

Pre-Batch pode ser uma ótima opção para agilizar e padronizar o serviço e com um pouco de inteligência e adequação a coquetelaria pode estar presente nas mais variadas oportunidades, com os preparos mais simples ou até receitas mais bem elaboradas.